Trois Colour, de Krzysztof Kieślowski, é sem margem para dúvidas a Trilogia da minha vida.
Corria o ano de 2000, era a medusasss uma caloira de direito quando numa noite de serão familiar viu na RT2 Trois colour: rouge. Lembro-me que era uma noite chuvosa de inverno, o mundo parecia acabar do lado de fora dos janelões, e o fogo crepitava forte... e era tarde! Deixei-me ficar e assisti fascinada ao dealbar do meu sentido de Justiça.
Quem somos nós para julgar os outros? Quem somos nós para escolher o seu castigo, para determinar o seu caminho, para pensar, ensandecidos de poder, que temos a capacidade de ressocializar os outros, à força.
Rouge levantava questões importantíssimas para uma jovem impressionável de 18 anos: urgia repensar todo o nosso sistema judicial, todos os princípios jurídico penais. Era urgente mudar o mundo! Devaneios! Quem nunca sonhou?
Rouge levantava questões importantíssimas para uma jovem impressionável de 18 anos: urgia repensar todo o nosso sistema judicial, todos os princípios jurídico penais. Era urgente mudar o mundo! Devaneios! Quem nunca sonhou?
Foi só um ano depois que consegui ver os outros dois filmes da trilogia. Trois Coulour: Bleu veio ao meu encontro de uma maneira tão fantástica como o primeiro me tinha seduzido numa noite fria e invernosa, numa improvável prateleira da Casa Municipal da Cultura de Coimbra. Se Rouge me atraiu pelas amplas possibilidades de um prisma já entrevisto mas nunca explorado, Bleu conquistou-me pela absoluta singeleza do belo, pela sensibilidade ditada por pequenos pormenores repletos de múltiplos significados. Sobretudo pela imensa capacidade criadora do Amor, aquela capacidade de amar desinteressadamente e sem limites.
Já revi este filme muitas vezes e o final para mim é sempre pungente, dá vontade de aprender grego para poder cantar com aquele coro, para poder participar, por uma vez que seja, na criação de algo tão magistral.
Já revi este filme muitas vezes e o final para mim é sempre pungente, dá vontade de aprender grego para poder cantar com aquele coro, para poder participar, por uma vez que seja, na criação de algo tão magistral.
Trois Colour: Blanc não me chamou muito a atenção. Causou-me estranheza. Dos três é o mais louco, o mais imprevisível, o que tem como mote a igualdade, mas que estranhamente eu associo à paixão. Também gosto dele à minha maneira: é bom sermos surpreendidos e obrigados a aceitar que não temos todos de amar/pensar da mesma maneira.
Contudo, penso no Trois Colour: Blanc como aquele filme menos bom que todas as trilogias têm, para passar o testemunho a quem achar que pode fazer melhor.
E esta é a trilogia da minha vida. Bleu, Blanc e Rouge, as três cores da bandeira francesa, criada sob a égide dos princípios da Revolução: Liberté, Égalité et Fraternité.
(não tem nada a ver com o Matrix, pois não?!)
(não tem nada a ver com o Matrix, pois não?!)
5 comentários:
Onde e que eu andei que esses filmes me passaram ao lado?...Vou ja colmatar essa falha!
Adorei o teu texto!
:)
Já vi de onde vem a tua vocação!! :) Confesso que não vi nenhum desses filmes, mas parecem ter algo de muito inspirador!
Beijinhos
Opah... que amáveis! :)
Foi por mero acaso e muita sorte que vi um dos filmes da triologia: o Bleu.
Dá vontade de partilhar com ela as bolas de gelado de baunilha com o café vertido e uma conversa sem fim sobre o azul. Simplesmente simples...e tão magnífico!
Sabes aquela parte absolutamente hilariante... de tão triste... Aquela velhinha (não velhota velhinha, mesmo) que vai largar a garrafa no vidrão e está longos segundos em bicos de pés para chegar ao buraco... aquilo mete-me medo, juro que me aterroriza!
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