segunda-feira, dezembro 03, 2007

Or else...

Amanhecia. Enrolei-me naquilo que restava do nosso leito, enquanto a luz branca da manhã ia crescendo em intensidade e calor. Dormias profundamente, a tua respiração pausada, sincopada, leve... tão leve!
Dei-te suavemente um beijo e saí (claro que primeiro a protagonista teve de passar pela casa-de-banho, mas isso estraga o ambiente romântico!). -Opah, ó sua serpente atrevida, nada de apartes! Deixa a medusasss aka Med Maltese continuar a narrativa!
(...)
Dei-lhe suavemente um beijo e saí, não sem antes fazer as matinais abluções (satisfeita?). O dia crescia em luz e calor. (Óbvia e evidentemente que crescia em luz e calor, né! Não é isso que acontece todos os dias?) -Tu já te calavas, pá! Podia ser um dia de Inverno, chuvoso e triste! Ou então um dia tempestuoso, repleto de tensão e electricidade estática!
(...)
Dei-lhe suavemente um beijo e saí apressadamente, uma tempestade diluviana e repentina ameaçava rebentar a qualquer momento. Era urgente chegar primeiro, resolver aquele imbróglio! (Como é que a tempestade pode ser diluviana se ainda não rebentou?)
-Tinha de ser, tinha de ser! -repetia insanamente para comigo mesma -É sempre assim. (o que é sempre assim?) -SSsssssssss, eu mordo-te!
(...)
Pah, acabou-se! Escrevam vocês, suas cobras atrevidas e ressabiadas!

--"--
Amanhecia. Enrolei-me naquilo que restava do nosso leito, enquanto a luz branca da manhã era filtrada pela cortinado que caía pesadamente. Nunca tinha gostado daquela decoração. Nunca me tinha sentido bem naquela casa, cheia dos briq-a-brac, quinquilharia sem valor da tua mãe. Acabou-se -pensei para mim mesma -nunca mais, nunca mais...
Sentei-me solitária à mesa da cozinha, à nossa mesa, a beber pela tua chávena o teu café favorito, enrolada no teu roupão, que cheira tão bem... humm, que ainda cheira a ti...
Despi-o e meti-o na máquina de lavar. Agarrei na chávena e lancei-a contra o chão. Resistente, partiu-se-lhe a asa e ficou a rir-se para mim esbeiçada. Encostei-me à parede e deixei-me cair no chão frio, olhando para a chávena, à espera de uma resposta, que tardava.
-Quando é que me vais pôr no lixo e limpar esta porcaria?
-Perfeito! Agora oiço vozes!
-Não sejas tola! Acorda! Acorda! Acorda!!!
Acordei estremunhada. Amanhecia. Enrolei-me naquilo que restava do nosso leito, enquanto a luz branca da manhã incidia sobre o teu rosto, que fazia caretas, incomodado. Dei-te um beijo suave. Acordaste e resmungaste "Ainda não mãe!".
Foi então que arranquei os cortinados e parti a quinquilharia da tua mãe, enquanto me olhavas pasmo "que fazes?".
-Eu? Nada... acordei com vontade de partir loiça. Toma! É revigorante!
-Boa! Sempre detestei esta tralha por aqui!
-Tu também?
E partimos loiça alegremente, enquanto a vizinha de baixo telefonava para a polícia, porque estavam a matar alguém no andar de cima.

9 comentários:

mik@ disse...

medusasss es fantástica... as tuas estórias são divinais :) surpreendes sempre.
cobrinhas rebeldes as tuas :) ainda bem, quebram a monotonia... podes é ter crises de multiplas personalidades lool
aih há dias em que apetece mesmo partir a loiça toda... vou experimentar um dia destes :)

sethyoder disse...

partir a louça?!! talvez um dia...

( gostei muito do texto...make some more...:) )

Pearl disse...

Aplaudo!!!
Bravo!
Adorei o texto!
Adorei a forma como articulaste tudo!!!
Gostei verdadeiramente!
Sério.
Acabei de ler o texto e fiquei a pensar no que li... parei uns dois minutos antes de comentar a pensar na forma fantástica como estava escrito!!!
Parabéns!!!!
:o)))***
Ah, e bora á partir a loiça toda!!!

Leila* disse...

O texto está realmente fantástico, e escrito de uma forma muito original, o que só desacredita os testes que andámos a fazer nos últimos dias!

A tua escrita sim, é de génio =)

Baci**

M disse...

Ainda bem que gostaram! Vou continuar a experimentar coisas novas! :)
(medusasss toda coradinha, mas com um sorriso de felicidade!)

Anónimo disse...

Está muito bom.
O texto está verdadeiramente óptimo!
É por estes e por outros que o blog só ganha leitores. Continua!
Por acaso, uma das imagens tipicas de um disturbio de multipla personalidade é uma face com muitas cobrinhas a sibilar confidências ao ouvido.

Anónimo disse...

Escreve um livro...

Hydrargirum disse...

Vejo que perpetuaste o Med Maltese...achei um mimo!:)
Sorri nesta parte!:)

Abluções é lindo!...completamente inesperado!:)

O texto está divinal...
Até a mim me deu vontade de partir "tarecos"...
Pagava para estar numa loja de cristal agora!!!!

Jinhos:)

Mokas disse...

realmente... acho q partir cenas dá uma certa felicidade. É curioso o ser humano. Temos o poder para construir e para destruir mas... digam lá... quantas vezes é que estiveram na praia a construir castelos e... o gozo que dá a destruição.
Fantastica a dualidade... seculos para construir, instantes para destruir.