Hoje revi o Little Miss Sunshine e há uma passagem que não me sai da cabeça. "This guy Proust, he took 20 years to writte one of the best literary works of all times, maybe the best, and no one reads it! And you know? He says that all the suffering worth it, because he learned out of the experience... all of his years of happiness he does not recalls a thing."
E não, não vou falar da estética/pedagogia do sofrimento. Antes penso gostosamente em todos os livros que já li, em tudo aquilo que cada um significou para mim... e como tenho cada vez menos tempo e disponibilidade para ler boa literatura, e aprender com a leitura.
E também reconheço em mim menos capacidades para o fazer: não tenho paciência para determinados livros: Boris Vian é muito estranho, Malraux é muito denso, Joyce é muito difícil, Camus... é uma seca! O problema só pode ser meu! Há quem os ache génios da literatura!
Estou a ficar enredada nesta cultura do consumismo fácil, onde impera o instantâneo. E se visualmente alguma obra de arte me agrada, me entusiasma... Já vi, passou! Nada de pesquisar sobre as motivações do artista.
Aliás... confrange-me, mas hoje a arte é feita essencialmente para o próprio artista, dentro da sua bolha "actimel" de representações pseudo-individuais/sociais, já que quanto mais incompreensível para os outros, melhor a obra de arte! Significa que o génio se encontra muito à frente nas nossas mentalidades mesquinhas e limitadas, e que nada mais temos a fazer que abrir a boca em admiração e fazer de conta que sim, que percebemos.
Confessar ignorância cai mal. Na sociedade de hoje ninguém é ignorante, todos sabemos tudo sobre absolutamente qualquer assunto.
10 comentários:
Sábias palavras!!!
Ninguém quer demonstrar que é ignorante, e tem uma ferramenta muito fácil que lhe a juda a fingir que sabe!!
A internet. Posso apenas fingir que sei sobre determinado assunto ao alcance de um clique...
Mas também há o reverso da medalha, aqueles que escolhem um tema e se comprometem...
Há ainda aqueles que apesar de terem vários interesses, esparramam-se... ou seja não conseguem aprofundar nenhum...
:o)))***
ok... eu como não consigo ficar calada, não minto mas podia omitir, vou admitir que não reconheço nenhum dos nomes que referiste. sorry... eu gosto muito de ler, agora tenho algum tempo mas nem sempre a paciência que um livro requer.
Hoje em dia acho que já é bom as pessoas admitirem que leem mas o mais importante é mesmo entender o que se lê.
eu devorei o último livro do harry potter no fim de semana, mas tou a ler "as intermitências da morte" de josé saramgo e este demorarei muito mais tempo a ler. é o primeiro volume dele, tou a gostar mas irrita-me solenemente que o homem quase não faça paragrafos. Torna a leitura mais maçuda e é preciso ter atenção ou não se entende nada :)
Tou aqui eu, ignorante totalmente assumido, a desmentir-te.
Não percebo boi de uma data de cenas.
Chumbei mais do que um ano na escola.
Não enriqueci, não me tornei famoso e não faço ideia do sentido da vida, da origem da humanidade ou mesmo do que conduziu à extinção dos dinossauros.
E li Paulo Coelho, Margarida Rebelo Pinto e só não li o Eu Carolina porque já não aguentava mais cultura no meu reduzido espaço para o conhecimento.
Não sei nem quero saber.
O teu post é falacioso.
Sinto cada vez mais isso Pearl! Ando dispersa por muitos interesses e depois é o que se vê: rien!
Mik@, ainda não li esse livro do Saramago. Desisti dele quando tentei ler o "Ensaio sobre a Lucidez".
Porque não começas pelo "Memorial do Convento"? Esse posso garantir-te que é bom e muito interessante!
Hum...nos dias de hoje confessar uma ignorânica, desde que bem articulada, fica até bem...e até certo ponto é reverenciado, qd anda meio mundo a fingir que sabe tudo e o quão intelectualóide é...
Sabes que me junto a ti?...Tou numa altura semelhante...não tenho a mínima paciência para "Densidades" e pseudo-inteligências neste momento...
Não quer dizer que não lhes volte...mas agora....estou num ano "lollipop"...
Ou num ano "bic"...descartável:)
Jinhos:)
PNA, é simples: todas as regras comportam uma excepção, onde encaixas com a precisão de um handmade suit.
Não podias é estar mais errado, o meu post não é falacioso (o que é falacioso, senhor ignorante? Uma iguaria picante não afrodisíaca?), mas como eu também sou ignorante nestas coisas, queira-me esclarecer de que falácia enferma!
Hydra-friend: ano lollipop! Essa expressão é excelente! Pessoalmente vejo o meu ano mais do género popcorn: filmes levezinhos, livros levezinhos, quer-se que tudo seja levado e trazido com muita leveza...
Essa do handmade suit parece ter-te sido sussurrada pela cobrinha mais esperta e confirma, pelo acerto, o pressuposto que o texto engloba. E assim se desmantela o argumento da falácia, juntando esta conclusão ao meu estatuto de excepção a tão nobre regra.
Ainda bem que tudo se esclareceu sem que eu, ignorante assumido à priori, tivesse que me aleijar em busca de respostas a perguntas às quais a minha humildade aristotélica (só sei que nada sei) me deveria ter poupado.
E assim meto no saco da ignorância a viola da falácia, retirando-me com o cunho de mentiroso também.
(É afrodisíaco, sim senhora. Mas a minha timidez impede-me de o alardear...)
E a minha religião também... ;-)
Quer dizer, há guerras neste mundo, miséria franciscana, crianças a morrer à fome... E vêm estes falar de arte, ora bolas!
A arte não serve para nada, só serve a quem o faz porque é uma desculpa para não fazer nada.
Tolos são vocês, ler livros, ver exposições, ir ao cinema...
Vão lá alimentar esses preguiçosos.
O ócio dá-se aos cães!
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