E assim começamos o ano, com a notícia que 7 discotecas espalhadas por todo o país se dedicaram laboriosamente à recolha de assinaturas, para levar ao parlamento uma proposta de alteração da lei acabadinha de aprovar, e que se tornou vigente no primeiro dia do novo ano civil: a proibição de fumar em espaços públicos fechados.
Que dizer sobre toda esta questão?
Que se instalem novos exaustores! All of this smells like bullshit!
Nunca gostei de ambientes de fumo, mas também sabemos que os cafés, restaurantes e discotecas ainda não criaram zonas para fumadores porque estão à espera para ver se este diploma é, ou não, mais uma lei à portuguesa: muito bonita no papel mas sem qualquer viabilidade prática.
Senhores! Isto é sério!
De acordo com as regras só se pode fumar:
1- Em casa;
2- Na rua;
3- No carro.
Porquê?
1º- Está provado que fumar faz mal à saúde;
2º- Está provado que os fumadores passivos correm os mesmos riscos que os fumadores propriamente ditos;
3º- Salvaguardar os direitos e a saúde dos profissionais de restauração e hotelaria;
4º- Reduzir as despesas com saúde pública.
E como se fiscaliza?
Qualquer cidadão é fiscal ao serviço do Estado (método do delator - tipicamente fascista e Estado Novo): basta pedir o livro de reclamações.
Claro que este diploma enferma de um erro clássico: paternalismus facilitarius, que como o nome anuncia é a doutrina apologética do caminho mais fácil, em que a entidade com autoridade se demite de resolver um dado problema concertada e racionalmente, e corta a direito nos direitos e liberdades individuais de toda a gente. Típico de um país com raízes fascistas e que nunca soube apreciar os princípios democráticos (cidadãos? Esses pobres de espírito que votam em nós e a quem damos os beijinhos do frete nas eleições? Pão, vinho e circo!).
Se eu fumo, e isso me dá prazer, porque não hei-de poder continuar a arruinar a minha vida como bem entender? O que têm os outros a ver com isso? Não os vejo a cortar no sal nem nas gordurinhas... e isso é a principal causa dos problemas cárdio-vasculares!
Também não vejo os paizinhos a afastar as criancinhas imberbes das discotecas, onde bebem até ao coma alcoólico.
Também não vejo os puristas a chamar um táxi depois de uma noite bem regada... E ainda se queixam que os oficiosos só pedem justiça! Pudera, foram apanhados a cometer um crime em flagrante delito! (querem o quê? "Ó Senhor Juiz, foi só desta vez... o arguido não volta a cometer o mesmo erro!" Tenham juízo!)
Neste país está tudo trocado. Bebe-se até cair e ainda se leva o carro para casa, cospe-se para o chão, deita-se o lixo para onde calha, fala-se alto nos cafés, grita-se com os filhos e o cônjuge em público, leva-se o cão para a praia apinhada, põe-se o cãozinho a defecar no passeio... E claro, fumava-se nos cafés... Mas isso contornava-se muito bem com os sistemas de exaustão adequados!
Não vejo o Estado verdadeiramente preocupado com estas condutas verdadeiramente insanas e periogosas! Morte na estrada? Operação STOP e Tolerância ZERO. Isso basta! Cospe no chão? Pois... somos um país de gente pouco cívica... vou mas é para Bruxelas respirar cultura e o portuga que se lixe!
Subcrevam a petição. Sempre quero ver em que saco roto é que isto vai cair! O problema do paternalismus facilitarius é "faz o que te digo, não o que faço", ou seja, nenhum dos deputados vai querer dar a cara contra um diploma tão (in)sano... nem meter mãos ao trabalho numa proposta de alteração.
Sim, alterar este diploma vai dar muito trabalho! Para já significa um retrocesso, e isso em termos políticos é uma declaração de erro que se deve evitar: mais vale seguir brilhantemente em frente em direcção ao abismo... (qual Salazar "defendam Goa até o último homem". Canalha!)
Imaginando que alguém conseguia subrepticiamente fazer passar uma alteração (coisa para daqui a um ano ou dois), tal alteração seguiria legislações estrangeiras... seria qualquer coisa como:
-proibição de fumar em todos os espaços públicos fechados, com a excepção de:
-Espaços fechados destinados a dança com dimensões superiores a X, com sistemas de exaustão Y, sujeitas a taxa anual anti-tabágica de W.
Esta pequena alteração vale tanto barulho? Epah... pensando bem, acho que sim!