Primeiro morreu a Ladina, quando fui para a faculdade estudar. Passados uns 2 anos a minha irmã foi para o Algarve e os meus pais ficaram sozinhos com o Pharaó, um Castro Laboreiro lindíssimo: el matador de felinos, ouriços cacheiros, ratos, ratazanas e demais passarada imprudente, dotado de um ladrar de barítono, que começava num som grave e terminava num lamento quente e agudo.
Quando o Pharaó morreu com 14 anos (sim, um Castro Laboreiro com 14 anos!), a casa ficou estranhamente vazia... já não se ouvia a respiração pesada do Pharaó, o ladrar em seco dos últimos anos, em que abria a bocarra e só saía ar, as unhas no chão de mosaico ou madeira, o focinho negro e branco a espreitar pelo portão, nem a cauda a bater contra a porta maciça de madeira: "Vamos à rua Pharaó?" toc, toc, toc, toc, toc!.
Foi nessa altura que a Peri e a Lolita se juntaram à família. A Peri, assim apelidade porque nasceu na véspera da terrível, horrível e temida frequência de anatomia, interrompendo, malvada, o estudo ansioso do peritoneu (nascer às 5 da matina não é para qualquer um), sempre foi mimada e considerada a gata coqueluxe, adoptada imediatamente pelo grupo de estudo, noitadas, cantadas e etc.
Entretanto, no período de tempo em que a casa ficou vazia, foi sendo invadida por pássaros: rouxinois, rolas, melros, pardais, pintassilgos e até corvos... todos atraídos pelos restos de pão que eram especialmente embebidos em água para suas excelências poderem debicar com maior facilidade.
Escusado será dizer que gatos e pássaros não são compatíveis... e se nos primeiros dias tudo correu bem, no dia em que a Peri decidiu ir ao ninho de um melro para lhe "ver" o conteúdo, apanhou o susto da vida dela!
Diz quem viu que a gata veio disparada que nem um foguete, olhos verdes coruscantes num entardecer avermelhado, manietada por todos os lados por um revolver de asas negras e bicos vermelhos, todos pertencentes a 5 melros, que crocitando inquietos, se tinham unido para escorraçar um predador comum! (Hitchcock, bem que podes dar voltas na tumba!)
Os pássaros, apesar de vencida a batalha, reconheceram a superioridade física das novas inquilinas e debandaram para outros quintais... e apesar do território ser constantemente invadido por gatos curiosos, Peri governa incontestável do seu trono de madre-pérola, com as devidas excepções nas lutas diárias pelo poder e a posse do colo do dono!
9 comentários:
é linda a gata! tem mesmo ar de princesa, deve ser pouco mimada...
"os pássaros" é um dos filmes da minha vida. ainda há uns meses o revi e fartei-me de rir!
beijocas!
É linda sim sr!:))))
O que eu gostei deste texto...aparte o triste mencionado...
Acendes-me os sentidos!:)
Jinhos Med-Friend:)
olá bom dia
a tua gatinha é um fofa :) tem ar de princesa eheheh
isso de andar a apanhar flores e meter na boca também nós faziamos aqui ahahah
e ir de bicicleta para a escola... bons tempos :)
beijinhos
Uma gata imponente, quem diria que levou uma corrida de meia dúzia de pardalecos... hihihi
Beijosssss
afinal a gatuxa é algarvia....
eheheheheh
Peri Peri... ficou mesmo nome de princesa esse diminutivo...
Maga, a Peri é tão mimada que não mia, fala connosco! Para além de que quando não gosta de qualquer coisa rosna, resmunga... e só faz ronron quando está mesmo, mas mesmo confortável!
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Hydra-friend... obrigado pelo generoso elogio! :)
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Pois é Mikit@, viver no campo tem as suas vantagens! :)
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Olá, levou uma corrida, mas ganhou a guerra! E nestas coisas de estratégia o que interessa é o resultado final!
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Não sabias mokas?
A Peri descende de uma vasta linhagem de princesas algarvias: Tareca, Juniára e Peri!
Claro que estas princesas sempre tiveram tendência para gato de telhado, pelo que os ascendentes pela linha masculina sejam incógnitos... se bem que o pai da Lolita deve ter sido o Fantasma, o gato gay! lol
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Antes de mais uma salva de palmas para Hitchcock!:P
Med fizeste-me lembrar de dois canitos que tive em pequena. Um era o bolinhas e morreu mesmo de velhice (viu-o morrer :S). Abrigava tudo o que era gato dentro da casota dele e ainda conseguia matar ouriços sem se picar ou os desfazer(eu sei que não é uma imagem bonita). A outra era uma cadelita pequena, a índia. Uma vez deu-me uma dentada no rabo que até me rasgou as cuecas, mas nem isso me fez deixar de ter pena quando vi ela morrer a ter os filhotes, que cresceram demais dentro dela (quem a manda meter-se com um cão grande hein?).
beijinhos***
Linda Peri...
Parece que estou a ver-me ao espelho do futuro...
Espero ser tão fotogénica quando for grande...
;o)
Oh Leila... Coitadinha da cadelinha... :( Fiquei triste com a tua história...
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Olá Lurdes!
Já viste como a minha Peri é linda? Tem é umas manchinhas amarelas, por isso é que é Tartaruga... lol
Vá, também tu és uma princesa! Põe o Alex na linha, que ele parece precisar! :P
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