sexta-feira, setembro 14, 2007

Santiago de Compostela - on the road, like a rolling stone

Às vezes contar as coisas passado algum tempo sabe melhor: é como regressar ao quarto das brincadeiras, ou saborear algodão doce de olhos fechados, imersa em tonalidades suavemente infantis... parece que sabe melhor do que sabia na altura.
E há aqueles episódios que só têm piada muito tempo depois de terem ocorrido, como se a técnica de regurgitar eventos, ao estilo pastoril, alterasse profundamente as circunstâncias, quando no fundo não passa tudo de erva.
Este Verão fomos a Santiago de Compostela em peregrinação (só a palavra peregrinação nos deixa a sufocar de riso, já que a nossa viagem foi tudo menos católica - nos vários sentidos emprestados ao conceito), e muito nos divertimos nas nossas longas e penosas horas de andarilhos voluntários: percorriamos km como quem vai à pastelaria da esquina saborear um café com um cigarro e um copo de água, e passavamos por grupos de andarilhos como nós, que reconheciamos prontamente pelas mochilas e a quem adivinhavamos a nacionalidade pela maneira como pronunciavam "buenos dias".
Na última jornada, tomados de súbito frenezim, escapulimo-nos de Padron e fomos dormir a Teo. Foi aqui que tive a única revelação do meu innerself.
Estava refastelada a dormir no meu beliche, cercada pelos meus fieis andarilhos (valerosos cavaleiros andantes - Miguel de Cervantes), quando subitamente me vi envolvida pela cintura e puxada para o lado. (agora era giro emprestar ao episódio um tom Daniele Steel, qualquer coisa como: olhava-me do alto do seu 1m90, ladeado de possantes ombros, de ternos olhos água marinha, e uma trufa que lhe ondeava o rosto perfeito... pois!)
"Are you sleeping?" - e eu do alto da minha confusão, what the fuck que até sei falar inglês muito bem, respondi-lhe em português "sim, estou a dormir". Naqueles minutos de confusão pensei... coitado, deve ser sonâmbulo... mas quando passado algum tempo, não se vai embora, nem pára de me olhar com aqueles enormes olhos azuis (Marion Zimmler Bradley), e, inclusivé, me empurra para se deitar ao pé de mim, eis que me assalta ao pensamento: oh diabo! Será que ele quer sexo ocasional? Mas então é assim que isto funciona? Logo eu que NÃO fui feita para estas aventuras.
Aos que agora se questionam sobre o que aconteceu, posso afiançar-vos que nada se passou e que a integridade sexual desta vossa escrevente se encontra intacta (nada de pôr em prática os conselhos da Marta Crawford): virei-lhe as costas, "deixa-me dormir" e alguns minutos depois foi-se embora.
Na manhã seguinte foi contar à namorada de como se tinha perdido e ido ter, acidentalmente, à minha cama...
Eu prefiro acreditar que apesar de ter passado aqueles dias de mochila às costas, calções até às mamas e sem maquilhagem, ainda estava sexy o suficiente para... lololol
E a revelação, perguntam vocês?
Pois, revelação não há, foi só um motivo para vos contar esta historinha... até tem o seu je ne sais quois de engraçado...

2 comentários:

Sra Esquizoide Frenica disse...

O que é engraçado é aquilo que tu não contas...

M disse...

lol O que queres tu saber? Olha, olha... vaca cusca:p