sexta-feira, janeiro 19, 2007

Ainda, ainda a questão do aborto

Falta menos de um mês para o referendo e não me sinto informada.
Com excepção de umas senhoras com um ar muito bondoso, diria mesmo beatífico, que me tentam dar panfletos na baixa para votar Não no referendo, ninguém mais me tentou convencer: ainda não assisti a debates, não fui bombardeada por folhetos sempre que saio a rua... Anda tudo muito calmo e sereno. Deve ser porque, efectivamente, em Coimbra nunca se passa nada!
Portanto não me posso queixar de movimentos intelectualmente abortivos (a não aqueles abaixo mencionados, que me chatearam pela manifesta burrice/falta de senso dos argumentos invocados).
Mas posso, e acho que devo chamar a atenção para o facto de nestas coisas que geram polémica, as pessoas trocarem alhos com bugalhos.
O aborto não é mais um meio anticonceptivo, ao nível da pílula e do preservativo. A grande percentagem de mulheres que recorrem ao aborto não são umas galdérias que não tomaram precauções: acidentes acontecem, e não conheço ninguém que já não tenha apanhado um susto.
E mesmo que o aborto seja legalizado dentro daqueles parâmetros, é sempre a mulher que dá a última palavra. Se já tem 5 filhos e quer ter mais um, que venha: há muito amor para dar! Se tem 15 anos e prefere ter a criança... bem... é bom que tenha uns pais porreiraços...
As razões para abortar fazem parte do foro íntimo de quem tem o ónus da decisão, não devem constituir argumento a favor do não. É rículo e demonstra tacanhês de espírito.
Aliás, são esses raciocínios mal construídos, em que se mistura aborto com touradas de morte, e produção de células estaminais com pena de morte, que ajudam a lançar mais areia para os olhos de uma população que quando não é analfabeta, é gente boçal que pensa ao ritmo das reguadas dadas na catequeze (e desde então que o neurónio de pensar ficou órfão).
Sinto-me apreensiva porque acho que o sim está a perder terreno num referendo sem razão de ser, e temo que mais uma vez me envergonhe de ser Portuguesa.

1 comentário:

durkheim disse...

gostei do teu post.
um dos problema da nossa sociedade é algo a que chamam igreja. Nesse estabelecimento é feita uma lavagem ao cérebro de quem lá passa.
Talvez se as pessoas tivessem mais confiança em si próprias e não recorressem a "centros de espiritualismo" ahahahahah tinham outra ideia e outra forma de pensar perante a questão "O ABORTO".
Sobre o referendo tenho só mais uma coisa a dizer, que é, quem deveria votar. Sou gajo e defendo que nenhum homem deveria votar neste referendo. em relação a mulheres, como so se pode votar a partir dos 18, seria escolhida uma faixa etária que seria dos 18 ate sensivelmente aos 45, pois são estas mulheres que passam por esta situação, são elas que têm de escolher o que fazer nesse momento, e são elas que sofrem...
Não me vou estender mais neste comment,
apenas dizer q dia 11 vou votar, e voto sim :)

abraços e beijinhos
~durkheim