terça-feira, outubro 14, 2008

Dos insultos e das alimárias

Há algumas questões que têm ocupado o meu pensamento nos últimos tempos. Não se pode dizer que sejam incómodas, perseverantes ou até constantes, são ideias que vão e vêm como sonâmbulos pássaros migratórios.

E, apesar de inconsistência do charme, é uma coisa que me aborrece. Dou por mim muitas vezes a interpretar mal e a ser erradamente interpretada. Já aqui falámos sobre os problemas da interpretação, os limites da linguagem, a inconsistência do verbo e outras picardias, mas hoje (hoje!) não me vou debruçar sobre essas questões teóricas, tão bonitas para quem tem disponibilidade para com elas dispender o seu tempo. Não. Hoje vou-me debruçar sobre o concreto e fazer juz ao título. Hoje vamos falar de insultos!

E como tão bem sabe o interlocutor, um insulto só é verdadeiramente insultuoso quando atinge o visado na mouche!


Para os mais desatentos isto significa tão somente que até na arte de insultar temos de ser originais, temos de encontrar as palavras certas, as que magoam, as que ferem, alinhavá-las num conjunto de palavras, qual arco ou besta setecentista, pressionar com força, e num gesto sublime de elegância deixar a seta atingir o alvo (mantendo sempre um olhar superior e gélido, que tem um efeito multiplicador).

Daí retiramos que insultos vulgares como "filho-da-puta", "cabrão", "cabra", só podem insultar quem efectivamente se sinta visado, por outras palavras, quem é descendente de uma alternadeira e quem tem ou já teve a bela ossatura curvilínea na cabeça; para os restantes é insulto que passa ao lado.

Nestas coisas da arte do insulto nunca mais me vou esquecer das palavras de D, que num assomo de fúria, dispara em tom bombástico "Aquele filho da puta paneleiro, que eu não tenho nada contra os homossexuais, mas quando é para insultar serve perfeitamente!".

Efectivamente D não tinha nada contra homossexuais, muito pelo contrário, e eu, na altura jovenzinha e caladinha que nem um rato nada disse, apesar de pensar que era uma coisa estúpida de se defender, já que assim se perpetuava a homofobia, ou quando muito uma visão espartilhada da vida e da arte do insulto.

Contudo, claro que tinha de haver um mas, na sublime arte do insulto não podemos ser detidos por considerações éticas, do "Ai-que-não-tenho-nada-contra-putas-mas-tu-és-uma-da-pior-espécie!"; ou "É-cigano-mas-eu-não-sou-racista!".

Enfim... estão a ter uma ideia? Na soberba arte do insulto temos de pensar a quem dirigimos o insulto, não interessa se nos damos bem com toda a gente, se temos n amigos homossexuais, se conhemos prostitutas simpáticas, se nascemos na Cova da Moura ou no meio das gentes simples da serra, tudo serve para denegrir o alvo.

E dito isto, dirigido à minha vizinha de casa, que tem a mania que é alguma coisa, um exemplo de insulto à moda da minha terra:
"És peixeira, e o que vendes não só não é fresco como fede!",
e atenção! Nada tenho contra peixeiras, mas serve-lhe que nem uma luva!

8 comentários:

mik@ disse...

ahaha manda-a lamber sabão caladinha e que não te chateie o juizo.

agora que falas nisso... tive uma colega de trab a quem a palavra cabra assentava que era um mimo. tipo segunda pele :P
e eu até acho que as cabras são uns bichos úteis, o que não era o caso daquela colega...

Leila* disse...

Mas ainda andamos nisso??? Essa gaja não se encherga??? Quenga d'um raio! Está visto que há gente muito reles mesmo. Diz-lhe que as profissionais do sexo ganham mais do que as empregadas de mesa, ela de certeza que tinha sucesso se levasse uma máscara!!! Cara de cu à paisana! LOLOL

Como eu hoje estou se a apanhasse acho que lhe batiaaaaaaa (dp de tu a espancares, claro!)!!!! :D

Kiss**

Mokas disse...

ena!
sempre que cá venho aprendo qualquer coisa... isto é educativo!
vou tomar nota.

Cat disse...

Essa "senhora" deve ser um amor...

;)

Pearl disse...

LOLOLOLOL

Oh pá... só tu para me fazeres rir desta maneira no trabalho... e eu a querer ser séria...

Não há condições!!!

LOLOLOL

Não consigo parar de rir!!

:o)))***

Anónimo disse...

Por acaso moras num andar alto?
Always think twice...
:-)

Ruca! disse...

andas a perder tempo demais com essa espécie de pessoa.

eu montava-lhe uma armadilha no wc.

adeus:)*

Anónimo disse...

helena vende peixe fora do prazo a 1 cent