Mas imagino-me ou sonho que me imagino?
O vento emaranha-me os cabelos e lá fora tudo é escuridão, eu vejo-me a enfrentar o vento no meio do temporal, mas também sinto o vento a chicotear-me o corpo. Sou um ser duplo que se sente e se vê. “Sopra! És muito mais forte do que eu, mas não me vencerás! Eu não desisto! Eu nunca desisto!”
Claro que desisto: já desisti de tanta coisa na vida… Quando dou por mim já não estou a voar, estou na praia, naquele areal imenso da F**, e o vento sopra, sopra com força, mas desta vez brinca com os meus cabelos: parecem vozes a brincar comigo – Vem! Vamos brincar as escondidas. – Não quero ir, tenho medo. Não me entrego ao vento, antes faço-lhe uma barreira, até que fico farta e me vou embora.
E sei que o vento não me quer fazer mal, só quer tornar-me uma igual e sairmos os dois a voar.
Começa a chover, torrencialmente e eu voando, nado no meio da água. Relâmpagos caiem do céu, mas o trovão não é ensurdeçor. Pertenço ali. No meio da fúria dos elementos sou mais leve, insignificante, invisível, confundo-me com o caos que me rodeia. Não há teorias, não há hipocrisias, não há falsidades.
Fico cansada de medir forças com o vento e adormeço.
1 comentário:
Parabens...está mt bom...consegue sentir-se as sensaçoes e emoçoes à medida q se lê...e entao agora q chove e faz frio la fora....tao fortes sao as rajadas a bater na minha janela...
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