segunda-feira, julho 14, 2008

Dei tudo o que tinha!

Dá tudo pelo Optimus Alive!

Se o cartaz convencia, o seu preço aliado aos custos da deslocação e alimentação faziam-me duvidar se valeria realmente a pena.
Por um bilhete que custa a módica quantia de 80€ seria de esperar que houvesse campismo gratuito, mas não! Queres dormir confortavelmente no chão dum campismo 4 estrelas? Queres? Arrota aí mais 15€ porque este festival não é para luso, é para inglês ver!
Depois duma viagem chatinha e morosa, em que tive de trocar várias vezes de transporte e me deixa em cima da hora do evento, já me sinto todo roto, ainda estou a curar uma amigdalite e a miragem que tenho é duma fila interminável à porta do campismo… Começo a duvidar se valeria realmente a pena, o slogan não brincava, dá tudo o que tens!

Quando entro no recinto já três bandas tinham ido ao ar, pelo menos cheguei a tempo de The National, que não me desiludiram, pois eu já estava à espera que não me surpreendessem. Os tipos até são bons músicos, mas são uma seca e o vocalista é um bocado maricas! Quanto à música é aquilo que já se sabe, parecem sofrer de ejaculação precoce, sempre que o tema se torna interessante e empolgante, finou-se!
Gogol Bordello chegou logo depois com a sua carismática figura e de garrafa de vinho na mão, proporcionou-me o melhor concerto do festival. Muita energia, um violinista e um acordeonista cheios de vida e um par de dançonetes bem divertidas. Foi sempre a dar, estes ciganos sabem-na toda, até sabem trocar umas palavras em português, saudadi, muitja saudadi! Quem assistiu por certo questionava-se se iria ter forças para o que se seguia.
Para mim seguiu-se um momento para almoçar e encontrar uma nota de 10€ no chão. Nessa altura comecei a apreciar o recinto, é ao nível do queimódromo mas com mais terra onde também não se pode respirar, não por causa do cheiro a mijo (porque as casas de banho até eram porreiras para um festival), mas por causa da quantidade de pó que pairava no ar, espaços verdes, esses só os das alcatifas.
Neste primeiro dia ignorei o palco secundário por manifesto cansaço e ignorei The Hives por fazerem uma coisa parecida com música que parece qualquer coisa semelhante rock mal tocado… Só queria ver Rage Against the Machine e depois, chichi, cama!
Rage foi fabuloso, não desiludem nada ao vivo, bem pelo contrário, praticamente não houveram paragens e foi clássico seguido de clássico, a determinada altura já soava a propaganda politica e o povo estava rendido. Ainda tiveram tempo para agradecer ao nosso país por ter dado ao mundo o génio de José Saramago.

No segundo dia voltei a ignorar o palco secundário porque de cada vez que lá ia só me apetecia sair de lá, o melhor foi mesmo Kumpania Algazarra, moços simpáticos, que já no dia anterior tocavam à porta do recinto, é uma banda a acompanhar com atenção.
Nouvelle Vague foi cancelado, ai o meu rico dinheirinho, pelos vistos ficaram retidos no aeroporto em França, foi pena, em compensação o trio de John Butler tocou mais um pedaço, eu que não os conhecia fiquei agradavelmente surpreendido, tiveram bons pormenores, mas não praticam um som especialmente do meu agrado nem acho que justificassem actuar tanto tempo.
O momento mais especial e aguardado aproximava-se, ouve-se uma apresentação e irrompe Bob Dylan acompanhado pela sua banda. O primeiro quarto de hora foi deslumbrante, sentia-me na presença dum génio, estava feliz por estar frente a frente a um deus menor, era como se estivesse na presença dum Picasso, mas isso foram 15 minutos, depois comecei a estranhar nem um boa noite?, mais uns minutos e o gajo não vai sair do órgão?, mais uns minutos e o gajo parece estar a fazer de conta que está a tocar órgão… Havia um outro microfone vazio no centro do palco e uma guitarra pousada ao lado, de cada vez que Dylan dava um passo atrás para consultar uma folha de papel (deveria ser o alinhamento), pensava ser o momento em que pegaria na guitarra e interagiria com o público, mas não! Dali não saiu, o concerto acabou e foi o primeiro a abandonar o palco sem dizer agua vem ou água vai. Voltou, parecia contrariado, para vomitar um encore de duas músicas, a última, talvez a mais aguardada, Like a Rolling Stone, ainda o fez mostrar os dentes e murmurar ok my friends, antes de apresentar a banda, acabou a saber a pouco, a muito pouco, estás muito velhinho Bob…
Seguiram-se Within Temptation e Buraka Som Sistema, não percebi bem porquê, para mim depois de Bob Dylan não valia a pena ver nada assim tão… Atípico, fraco e piroso, kitsch mesmo!

No último dia não me deixaram entrar com o moscatel, era o Favaios ou Braddigan, venceu o moscatel. Já estava aquecido e deliciei-me com Xavier Rudd, aconselho a quem não conhece, o homem é um monstro, toca bateria, guitarra e três enormes didgeridoos ao mesmo tempo, ou quase. Não me lembro de Donavon Frankenreiter nem de Gossip, mas sei que assisti a pelo menos meia hora de cada. De Neil Young também não me recordo de muito a não ser que gostei e keep on rockin’ in the free woooorld!!!
Quanto a Ben Harper, aquela poça de água debaixo dos meus pés foi muito desagradável, o concerto foi bom, o dueto com o público pareceu ter sido giro, os seus fiéis estavam emocionados mas o tipo não pertence à minha igreja.

Contas feitas, valeu a pena, mas se tivesse ido apenas no primeiro dia tinha gasto menos dinheiro e tinha curtido quase o mesmo. Pelo menos vi Bob Dylan e posso gabar-me disso... Até ao fim dos meus dias, muahahaha!!


Se alguém quiser lavar as minhas sapatilhas, por favor deixe comentário.

7 comentários:

M disse...

Moribundo, mesmo mais para lá do que para cá não me desiludes: todas as tuas histórias são surreais! :) lol

Welcome back, avinha-te, abifa-te e abafa-te, e abre o MSN que eu quero saber o resto! :p

***

Broken Horn(y) disse...

bem..ja nao me arrependo de nao ter ido! Se fosse era mm so para curtir os "Furia contra a maquina".

estava la pertinho nessa noite mas tinha de bazar pro porto no outro dia as 4 da manha...desisti da ideia !

Melhores momentos viram!

PS. Nao te quero lavar os sapatos mas acho que a medusasss ta com vontade...!! hahahaha

grande abraco e um arranhao pra voces

M disse...

Olha lá ó bichano, vês-me porventura com cara de mulher a dias?

lol

Anónimo disse...

até, se considerarem juntar mais umas para encher uma máquina de lavar, as minhas sapatilhas também estão bem sujas... e foram só ao primeiro dia, aliás, se tivessem ido só a Rage bastava, foi fenomenal!

Peace!

sethyoder disse...

merda, escrevi um post enorme e isto n ficou registado!!! fuck! :S

fica o resumo!

so fui ao primeiro dia e foi lindo, melhor concertos/festival a que fui. GOGOL foi a festa, muito bom. The Hives foi a confirmação que o homem é um animal de palco, e RATM.....

RATM foi lindo, as expectativas eram enormes e eu dou-me mt mal com isso, mas desta vez valeu a pena, demasiado bom.

valeu a pena o dinheiro gasto, a viagem, a t-shirt encharcada em suor ...foi o pandemónio em cuecas meus amigos, e quem lá esteve sabe do que falo :)

abraço e se quiserem mais umas sapatilhas para lavar ainda vão a tempo :P

Mokas disse...

Quanto a concertos, definitivamente, teria perdido o meu dinheirito... dado que os nouvelle ficaram em frança. Acho que os Rage compensavam... mas ainda assim... ficava demasiado deprimido pelo incidente nouvelle.
Quanto a Sapatilhas, a Medusasss foi a primeira a deixar o comentário. Manifestando assim o seu interesse em lavar as sapatilhas. Acho que não nos devemos interpor entre a medusass e os seus desejos.

Maria disse...

Uhmm campismo de 4 estrelas??!! Mas aquilo não era em chão de cimento?
Tenho de concordar, fiquei deslumbrada com as casas de banho, no primeiro dia, o único que fui, ainda não cheiravam a mijo, e para meu espanto, tinham autoclismo, e ainda mais espantoso, funcionava!!!
RATM vi só as 5 primeiras,quer dizer ouvi, porque eu com o meu majestoso 1.60m só vi as costas de quem estava à minha frente!!!
Beijinhos