Sinal fatídico de como a vida não tem andado a prestar nos últimos tempos é quando sabemos mais pormenores sórdidos de uma dita telenovela real, do que das coisas que realmente nos fazem felizes.
Quem quer saber do destino dos filhos da Nanda, da loucura da avó dos miúdos, das desventuras do Gregório com a Sandra... quando tem mais do que fazer do seu belo tempo? Ainda se justificava se fosse uma série engraçada, positiva, daquelas em que te sentas no sofá e consegues descontrair e abstrair dos aspectos negativos da vida. Quando a novela são páginas da vida de gente normal, com problemas banais (com o espírito da Nanda à mistura, assim como uma família da elite, riquíssima, que gosta de arte... e pratica o mecenato) eu só peço: dêem-me pão e circo! Quero ver qualquer coisa ridícula como o Foguinho ou as travessuras do chocolate com pimenta...
E porque o vazio nos enreda, nos entorpece a alma, volta e meia vê-se um episódio da dita telenovela... já que uma vez por semana basta para seguir a trama... reafirmando a elementar noção de como estas novelas são efectivamente originais... uma vez que o grande final não é intuível desde o primeiro episódio...
Sentimos o mesmo em relação ao Harry Potter: desejamos que morra no último e derradeiro livro da saga, ele e o Voldemort, ambos reduzidos a uma papa metamórfica de onde sobressaiem os olhos raiados de sangue, dilatados de horror, e já agora a dita cicatriz, num pedaço de pele poupado ao frenezim dos feitiços, que será cuidadosamente conservado num relicário e objecto de devoção por parte das gerações futuras de feiticeiros. Bonito, ah? Isto quando nos dá para a veia poética: kill them all!
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